sexta-feira, 7 de julho de 2017

Amizade:  um sentimento em extinção?



A amizade é um dos sentimentos mais nobres que a humanidade já produziu. Desde os primórdios o ser humano atua em  grupos e estabelece relações de confiança com alguns pares selecionados previamente.  Esses contatos baseavam-se em reciprocidade e lealdade. No século XXI, ser leal tem sido uma qualidade cada vez mais rara e digna de reflexão.
Se  pensarmos que  um filho não pede para nascer o mesmo não se refere aos amigos. Eles são selecionáveis. Podem nos levar para o caminho certo ou tortuoso; nos envaidecer ou colocar para baixo; nos incentivar ou nos derrubar. Depende do que você define como amigo. Para que uma pessoa que esteja ao nosso lado possa receber esse adjetivo tão nobre ela precisa ser companheira e verdadeira e estar sempre presente (não  só nos momentos agradáveis). Amigo é aquele que estende a mão na angústia e que nos períodos de dor e sofrimento se torna mais que um irmão. Cultivar a amizade não é apenas falar o que o outro quer escutar, mas ser firme e categórico quando necessário sendo franco em suas posições em busca do melhor para o amigo, tendo em vista, que a sinceridade é a base da amizade que se caracteriza por uma grande afinidade compartilhada por duas pessoas.
Em tempos de Redes Sociais em efervescência é muito fácil fazer “amigos”. Mas será que são realmente amigos? Nada substitui o contato humano. Uma tela digital ao mesmo tempo que aproxima termina por afastar as pessoas e não responde a um critério fundamental deste tipo de relação: a fidelidade. Um amigo fiel é mais raro do que água no deserto Já que a insegurança, a desconfiança e a maldade correm soltos nas relações interpessoais. Nos dias atuais a infelicidade é fruto da falta de vínculos. O egoísmo tem tomado conta das pessoas e ajudar o próximo é visto como prática de gente tola. É lamentável nutrir este tipo de opinião.

No contexto em que vivemos há uma grande carência de positividade nas relações humanas. O valor da amizade é cada vez mais relegado à superficialidade. É uma transformação de valores que não representa um bom sinal para as próximas gerações.  

quarta-feira, 5 de julho de 2017

Um joelho ralado dói bem menos que um coração partido


Não sou um ouvinte de rádio dos mais assíduos e nem estou por dentro das últimas tendências da música. Porém,  nos últimos tempos, para ser mais preciso em um dia banal como qualquer outro, minha rotina foi invadida por uma melodia acompanhada de uma letra que me fez parar e voltar no tempo.  Me refiro a “ Era Uma Vez”  da brilhante Kell Smith. Para quem ainda não sabe de quem estou falando indico que procure na internet. Os arranjos alinhados a história contada remetem a cenários comuns a vida de praticamente todas as pessoas que vão adquirindo novos contornos à medida que experiências diferentes e o contato com o mundo externo vão se tornando cada vez mais complexos.


A letra fala da difícil e embaraçosa dicotomia de ser criança e depois adulto;  o como é prazeroso vivenciar os momentos da infância que são únicos e o quanto é duro e entristecedor se dar conta que os castelos de areia construídos nos primeiros anos de nossa existência são mais frágeis do que nossas crenças infantis em super-heróis supunham. As dificuldades próprias do viver e os obstáculos que naturalmente vão surgindo à nossa frente nos obriga a amadurecer e também, de certo modo, nos desprender daquela visão ideal e ingênua de que vivemos em um mundo de sonhos constituído por pessoas boas em sua plenitude.  Ao se constatar que essa realidade é tão utópica quanto as “nuvens feitas de algodão doce” citadas na canção de Kell, acaba acontecendo um choque entre aquilo que era perfeito e real e o que é falho e apenas uma fantasia. Crescer não é o mesmo que amadurecer. Deve se separar o biológico do psicológico. Por nem todos conseguirem fazer a travessia da infância para a adultez muitos ficam presos em amarras emocionais que de tão pequenas e frágeis já não funcionam mais como em tempos juvenis.  Se faz necessário construir novos laços pautados na  realidade apresentada.

É plenamente admissível continuar apostando nos valores que acreditávamos na infância tendo em vista que são eles que constroem a nossa personalidade e nos fazem ser os indivíduos que somos hoje.  Claro que é possível. “ Mesmo depois de descobrir que o mundo ficou mal. É só não permitir que o mal do mundo te pareça normal”. Lindas palavras de uma canção igualmente sábia e encantadora.

segunda-feira, 3 de julho de 2017


Os efeitos da traição: da dor ao renascimento


Os relacionamentos afetivos têm um mecanismo que lhes são peculiares: um início colorido no qual os envolvidos se veem presos a uma teia de encantamento e fascínio; um desenrolar que encaminha para algo mais sério ou efêmero; e um final que pode se revelar tranquilo ou, em boa parte dos casos, traumático, tendo como enredo brigas, ofensas e autodestruição que quase que invariavelmente, terminam em infidelidade.

A traição não é espontânea. Ela resulta de uma construção, de um processo mesmo. Via de regra, o traído percebe os primeiros sintomas ainda nas fases iniciais da relação, mas por insegurança e baixa autoestima prefere vendar os seus olhos a qualquer desconfiança. Aí se configura um perigoso precedente. O que começa errado dificilmente acabará bem. É preciso fugir dos enganos e dos primeiros sinais.

A visão restrita de si mesmo impede que enxerguemos bem o outro e se os dois atores de um relacionamento não conseguem olhar para dentro de si como, então, chegar ao âmago do parceiro? Verdade seja dita que a infidelidade começa nos ínfimos atos que a princípio julgamos insignificantes como as pequenas e grandes mentiras, as discussões frequentes por assuntos bestiais e também quando a nossa opinião e individualidade deixam de ser respeitadas;  e quando, também, nos deixamos manipular e não somos considerados enquanto seres humanos. A insegurança é outra característica marcante de quem trai. O infiel está sempre desconfiado e teme acontecer com ele o que ele está fazendo ao seu parceiro. É um movimento dúbio, mas muito comum.

Alguns elementos  embasam o desgaste dos enlaces afetivos como acessos de raiva incessantes, conexão exagerada com o passado e chantagem emocional. Chegar a conclusão que foi traído é um dos sentimentos mais amargos que existem. Afeta a autoestima e fere mortalmente o orgulho do ser humano. Admitir que o fato ocorreu é uma outra fonte de sofrimento pois reconhecer que errou ao escolher aquela pessoa e que não enxergou verdadeiramente quem estava ao seu lado é uma realidade duríssima.

O isolamento e o luto são mais que naturais. O ser humano precisa passar por momentos de dificuldade para amadurecer e, assim, realizar uma desconstrução de si próprio para que possa evoluir emocionalmente. Até porque não há como não estabelecer relacionamentos interpessoais a não ser que vivamos em uma redoma de vidro. Só desse jeito estaríamos protegidos das frustrações da vida.   

sexta-feira, 30 de junho de 2017

Não se prenda a futilidades


O mundo não é mais o mesmo, definitivamente.  As inovações tecnológicas estão aí para comprovar tal fato.  O acesso à informação é cada vez mais rápido e a disseminação de novos hábitos e posturas se impõem de modo vertiginoso. Em meio a essa revolução nos costumes, a individualidade humana é colocada em xeque: estamos dando relevância às futilidades quando na verdade deveríamos nos preocupar com temas verdadeiramente importantes?
Os dicionários fazem a correlação do termo futilidade com algo que é inútil.  Se referem especificamente a pessoas que não conseguem se dedicar e aprofundar-se no que quer que seja.  Isto é,  começam uma tarefa e quando esta não lhe mais satisfazem aos seus caprichos simplesmente a encerram, sem mais nem menos.  Esse comportamento simplista e reducionista tem muitas implicações em nosso cotidiano. Um sujeito fútil não consegue ser prático e resolver questões básicas da sua vida como controlar o orçamento doméstico ou até mesmo chegar no horário ante seus compromissos.  Ao invés disso, prefere dedicar tempo e dinheiro à beleza física e os consequentes comentários que as outras pessoas poderão vir a fazer a respeito.  Não que cuidar da aparência seja algo ruim, pelo contrário,  mas quando há um exagero isso acaba interferindo no jeito de ser e nos relacionamentos interpessoais.
Sentimentos como amor, carinho e companheirismo são deixados de lado muitas vezes em nome de uma vaidade desmedida que preconiza o culto ao corpo e aos valores da sociedade contemporânea.  A ostentação patrocinada pelos veículos midiáticos só reforça esse monumento à superficialidade.

Quando escolher entre uma roupa de grife ou pagar uma conta atrasada se torna um dilema para um indivíduo temos aí uma flagrante instabilidade que tem sua origem na necessidade descabida de satisfação do próprio ego em detrimento do equilíbrio considerado normal.  Preocupante!

quarta-feira, 28 de junho de 2017

O poder desmedido do ciúme



         Qualquer início de um relacionamento amoroso é uma maravilha. A paquera, a troca de olhares, o primeiro beijo, o rubor nas faces, o friozinho na barriga, enfim, é tudo motivo de novidade e encantamento. Salvo raras exceções as partes envolvidas buscam, no início, escamotear o próprio comportamento a fim de mostrar aquilo que não são para justamente agradar o outro. Essa é uma tendência comum e, por vezes, perigosa, pois pode esconder o que de fato as pessoas são e  quão obsessivas e possessivas elas podem vir a se tornar.


       O ciúme é um sentimento absolutamente normal e tem sua vertente positiva. Pode ser o chamado "tempero da relação" desde que seja bem trabalhado pelo casal. Já quando a situação descamba para a grosseria, falta de respeito e agressões verbais e físicas chega-se a um estágio que atinge a patologia e que se não diagnosticada a tempo (o ciumento quase nunca se dá conta que é ciumento) pode resultar até mesmo em tragédias anunciadas.
        É fundamental salientar que a pessoa que tem o ciúme possessivo considera-se proprietária do outro mesmo que este contexto não esteja claro para ela. Ao tratar seu companheiro(a) desta forma acaba objetificando o parceiro(a) através de cobranças, críticas infundadas e controle desmedidos. Pequenas coisas e ações do dia a dia como cumprimentar um conhecido do sexo oposto ou simplesmente virar o rosto para o lado em um local público já se tornam subsídios suficientes  para o ciumento alimentar sua obsessividade.
      A ausência do diálogo é outro fator que contribui para o surgimento e desenvolvimento deste sentimento. Quando o casal não senta para conversar e "aparar as arestas" sempre vai ficar algo "solto" que precisará ser resolvido mais cedo ou mais tarde. Esses fatores geram um terreno fértil para a presença da insegurança, do medo e do consequente sentimento de posse que fortalece o comportamento agressivo dos ciumentos mórbidos. Quando não se conversa abre-se espaço para as pequenas "guerrinhas" do cotidiano que só desgastam a relação.
       Desse modo, é importante esclarecer que ninguém é dono de ninguém. Se o outro está com você é porque gosta da sua presença e também porque nutre admiração por você, afinal, quem vai escolher ficar ao lado de quem não lhe agrada, não é mesmo? Cenários como brigas, insatisfação e demais conflitos são construídos durante o relacionamento por pura falta de sensatez, sensibilidade e educação das partes envolvidas. Amor também é confiar e não tratar o outro como objeto.  

Amizade:  um sentimento em extinção? A amizade é um dos sentimentos mais nobres que a humanidade já produziu. Desde os primórdios o...