segunda-feira, 3 de julho de 2017


Os efeitos da traição: da dor ao renascimento


Os relacionamentos afetivos têm um mecanismo que lhes são peculiares: um início colorido no qual os envolvidos se veem presos a uma teia de encantamento e fascínio; um desenrolar que encaminha para algo mais sério ou efêmero; e um final que pode se revelar tranquilo ou, em boa parte dos casos, traumático, tendo como enredo brigas, ofensas e autodestruição que quase que invariavelmente, terminam em infidelidade.

A traição não é espontânea. Ela resulta de uma construção, de um processo mesmo. Via de regra, o traído percebe os primeiros sintomas ainda nas fases iniciais da relação, mas por insegurança e baixa autoestima prefere vendar os seus olhos a qualquer desconfiança. Aí se configura um perigoso precedente. O que começa errado dificilmente acabará bem. É preciso fugir dos enganos e dos primeiros sinais.

A visão restrita de si mesmo impede que enxerguemos bem o outro e se os dois atores de um relacionamento não conseguem olhar para dentro de si como, então, chegar ao âmago do parceiro? Verdade seja dita que a infidelidade começa nos ínfimos atos que a princípio julgamos insignificantes como as pequenas e grandes mentiras, as discussões frequentes por assuntos bestiais e também quando a nossa opinião e individualidade deixam de ser respeitadas;  e quando, também, nos deixamos manipular e não somos considerados enquanto seres humanos. A insegurança é outra característica marcante de quem trai. O infiel está sempre desconfiado e teme acontecer com ele o que ele está fazendo ao seu parceiro. É um movimento dúbio, mas muito comum.

Alguns elementos  embasam o desgaste dos enlaces afetivos como acessos de raiva incessantes, conexão exagerada com o passado e chantagem emocional. Chegar a conclusão que foi traído é um dos sentimentos mais amargos que existem. Afeta a autoestima e fere mortalmente o orgulho do ser humano. Admitir que o fato ocorreu é uma outra fonte de sofrimento pois reconhecer que errou ao escolher aquela pessoa e que não enxergou verdadeiramente quem estava ao seu lado é uma realidade duríssima.

O isolamento e o luto são mais que naturais. O ser humano precisa passar por momentos de dificuldade para amadurecer e, assim, realizar uma desconstrução de si próprio para que possa evoluir emocionalmente. Até porque não há como não estabelecer relacionamentos interpessoais a não ser que vivamos em uma redoma de vidro. Só desse jeito estaríamos protegidos das frustrações da vida.   

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