Os efeitos da traição:
da dor ao renascimento
Os relacionamentos afetivos têm um mecanismo que
lhes são peculiares: um início colorido no qual os envolvidos se veem presos a
uma teia de encantamento e fascínio; um desenrolar que encaminha para algo mais
sério ou efêmero; e um final que pode se revelar tranquilo ou, em boa parte dos
casos, traumático, tendo como enredo brigas, ofensas e
autodestruição que quase que invariavelmente, terminam em infidelidade.
A traição não é espontânea. Ela resulta de uma
construção, de um processo mesmo. Via de regra, o traído percebe os primeiros
sintomas ainda nas fases iniciais da relação, mas por insegurança e baixa
autoestima prefere vendar os seus olhos a qualquer desconfiança. Aí se
configura um perigoso precedente. O que começa errado dificilmente acabará bem.
É preciso fugir dos enganos e dos primeiros sinais.
A visão restrita de si mesmo impede que
enxerguemos bem o outro e se os dois atores de um relacionamento não conseguem
olhar para dentro de si como, então, chegar ao âmago do parceiro? Verdade seja dita
que a infidelidade começa nos ínfimos atos que a princípio julgamos
insignificantes como as pequenas e grandes mentiras, as discussões frequentes
por assuntos bestiais e também quando a nossa opinião e individualidade deixam
de ser respeitadas; e quando, também, nos
deixamos manipular e não somos considerados enquanto seres humanos. A
insegurança é outra característica marcante de quem trai. O infiel está sempre
desconfiado e teme acontecer com ele o que ele está fazendo ao seu parceiro. É
um movimento dúbio, mas muito comum.
Alguns elementos
embasam o desgaste dos enlaces afetivos como acessos de raiva
incessantes, conexão exagerada com o passado e chantagem emocional. Chegar a
conclusão que foi traído é um dos sentimentos mais amargos que existem. Afeta a
autoestima e fere mortalmente o orgulho do ser humano. Admitir que o fato ocorreu é
uma outra fonte de sofrimento pois reconhecer que errou ao escolher aquela
pessoa e que não enxergou verdadeiramente quem estava ao seu lado é uma
realidade duríssima.
O isolamento e o luto são mais que naturais. O ser
humano precisa passar por momentos de dificuldade para amadurecer e, assim,
realizar uma desconstrução de si próprio para que possa evoluir emocionalmente.
Até porque não há como não estabelecer relacionamentos interpessoais a não ser
que vivamos em uma redoma de vidro. Só desse jeito estaríamos protegidos das
frustrações da vida.
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