quarta-feira, 5 de julho de 2017

Um joelho ralado dói bem menos que um coração partido


Não sou um ouvinte de rádio dos mais assíduos e nem estou por dentro das últimas tendências da música. Porém,  nos últimos tempos, para ser mais preciso em um dia banal como qualquer outro, minha rotina foi invadida por uma melodia acompanhada de uma letra que me fez parar e voltar no tempo.  Me refiro a “ Era Uma Vez”  da brilhante Kell Smith. Para quem ainda não sabe de quem estou falando indico que procure na internet. Os arranjos alinhados a história contada remetem a cenários comuns a vida de praticamente todas as pessoas que vão adquirindo novos contornos à medida que experiências diferentes e o contato com o mundo externo vão se tornando cada vez mais complexos.


A letra fala da difícil e embaraçosa dicotomia de ser criança e depois adulto;  o como é prazeroso vivenciar os momentos da infância que são únicos e o quanto é duro e entristecedor se dar conta que os castelos de areia construídos nos primeiros anos de nossa existência são mais frágeis do que nossas crenças infantis em super-heróis supunham. As dificuldades próprias do viver e os obstáculos que naturalmente vão surgindo à nossa frente nos obriga a amadurecer e também, de certo modo, nos desprender daquela visão ideal e ingênua de que vivemos em um mundo de sonhos constituído por pessoas boas em sua plenitude.  Ao se constatar que essa realidade é tão utópica quanto as “nuvens feitas de algodão doce” citadas na canção de Kell, acaba acontecendo um choque entre aquilo que era perfeito e real e o que é falho e apenas uma fantasia. Crescer não é o mesmo que amadurecer. Deve se separar o biológico do psicológico. Por nem todos conseguirem fazer a travessia da infância para a adultez muitos ficam presos em amarras emocionais que de tão pequenas e frágeis já não funcionam mais como em tempos juvenis.  Se faz necessário construir novos laços pautados na  realidade apresentada.

É plenamente admissível continuar apostando nos valores que acreditávamos na infância tendo em vista que são eles que constroem a nossa personalidade e nos fazem ser os indivíduos que somos hoje.  Claro que é possível. “ Mesmo depois de descobrir que o mundo ficou mal. É só não permitir que o mal do mundo te pareça normal”. Lindas palavras de uma canção igualmente sábia e encantadora.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Amizade:  um sentimento em extinção? A amizade é um dos sentimentos mais nobres que a humanidade já produziu. Desde os primórdios o...