quarta-feira, 28 de junho de 2017

O poder desmedido do ciúme



         Qualquer início de um relacionamento amoroso é uma maravilha. A paquera, a troca de olhares, o primeiro beijo, o rubor nas faces, o friozinho na barriga, enfim, é tudo motivo de novidade e encantamento. Salvo raras exceções as partes envolvidas buscam, no início, escamotear o próprio comportamento a fim de mostrar aquilo que não são para justamente agradar o outro. Essa é uma tendência comum e, por vezes, perigosa, pois pode esconder o que de fato as pessoas são e  quão obsessivas e possessivas elas podem vir a se tornar.


       O ciúme é um sentimento absolutamente normal e tem sua vertente positiva. Pode ser o chamado "tempero da relação" desde que seja bem trabalhado pelo casal. Já quando a situação descamba para a grosseria, falta de respeito e agressões verbais e físicas chega-se a um estágio que atinge a patologia e que se não diagnosticada a tempo (o ciumento quase nunca se dá conta que é ciumento) pode resultar até mesmo em tragédias anunciadas.
        É fundamental salientar que a pessoa que tem o ciúme possessivo considera-se proprietária do outro mesmo que este contexto não esteja claro para ela. Ao tratar seu companheiro(a) desta forma acaba objetificando o parceiro(a) através de cobranças, críticas infundadas e controle desmedidos. Pequenas coisas e ações do dia a dia como cumprimentar um conhecido do sexo oposto ou simplesmente virar o rosto para o lado em um local público já se tornam subsídios suficientes  para o ciumento alimentar sua obsessividade.
      A ausência do diálogo é outro fator que contribui para o surgimento e desenvolvimento deste sentimento. Quando o casal não senta para conversar e "aparar as arestas" sempre vai ficar algo "solto" que precisará ser resolvido mais cedo ou mais tarde. Esses fatores geram um terreno fértil para a presença da insegurança, do medo e do consequente sentimento de posse que fortalece o comportamento agressivo dos ciumentos mórbidos. Quando não se conversa abre-se espaço para as pequenas "guerrinhas" do cotidiano que só desgastam a relação.
       Desse modo, é importante esclarecer que ninguém é dono de ninguém. Se o outro está com você é porque gosta da sua presença e também porque nutre admiração por você, afinal, quem vai escolher ficar ao lado de quem não lhe agrada, não é mesmo? Cenários como brigas, insatisfação e demais conflitos são construídos durante o relacionamento por pura falta de sensatez, sensibilidade e educação das partes envolvidas. Amor também é confiar e não tratar o outro como objeto.  

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